sexta-feira, 12 de março de 2010

VIOLENCIA DESTE PAÍS SEM VERGONHA EXTINGUE ÍCONE DE UMA GERAÇAO: GLAUCO SAI DE CENA. FICA O RISCO DE VIVER ENTRE A REVOLTA E A DOR.

Conheci Glauco em Teresina, durante o Salão Internacional de Humor do Piauí. Faz um tempão. Estavam por lá uns cinqüenta cartunistas de tudo o que era lugar. Gente que eu só via através de revistas e TV, era o início da minha carreira, desenho tímido, insegurança natural de um amador, curiosidade... e o interessante é que um dos primeiros a comentar o meu trabalho foi exatamente o Glauco.
Ele gostou do que viu, do tipo do humor que eu fazia levando em conta a abordagem social e a Glauco devo a observação primeira que ele fez. “Cara o teu humor é dum cacete, agora muda essa assinatura para alguma coisa que o povo consiga ler que é você!”... Segui o seu conselho e construi uma assinatura que hoje é quase um logotipo.
Nos encontramos algumas vezes por esse Brasil afora, a última vez foi em São Paulo, há uns três anos. Glauco continuava com aquela inquietude, com a impaciência de um criador inveterado, com a visão de um cartunista antenado com a mutação da sociedade, com os costumes das novas gerações.
Com o misto de surpresa e revolta, tomo conhecimento da tragédia que Glauco.... Para o Brasil abre-se uma lacuna. Para os seus admiradores, dentre os quais me incluo, fica a imagem do menino elétrico, do cartunista de tiradas desconcertantes, do pensador irreverente, do cidadão politizado...
Com o Glauco morrem também o Geraldão, Netão, Dona Marta, Casal Neuras, Zé do Apocalipse, Edmar Bregmam, Doy Jorge, Zé Malária, Geraldinho, Ficadinha, Ozetês, Faquinha, Nojinsk... um pouco de mim, de você, de nossos filhos...
Glauco definia o seu personagem Zé do Apocalipse como sendo um profeta brasileiro, aquele que acredita que o Brasil é o berço de uma nova raça...e desgraçadamente o é! Uma raça de governantes omissos, irresponsáveis e corruptos que constroem leis de estimulo a vagabundagem e proteção de bandidos!

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